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  • CRÍTICA E MEMÓRIA

Duas armadilhas bem montadas estão à espera de quem quiser estudar com interesse vivo e espírito crítico a obra de Antonio Candido no contexto atual, posterior às homenagens decorrentes de seu falecimento e/ou dos cem anos de seu nascimento. Por um lado, a exegese superficial, quando não somente elogiosa de seus textos, sempre sob a cobertura meritória do humanista do direito à literatura, do militante socialista ou do professor empenhado que, importantes como são, parecem, no entanto, dispensar a atividade crítica e colocar o leitor sob o sortilégio da eterna repetição. Por outro, a intervenção a priori antagonista, que busca antes deslocar do que entender a obra de Candido,  do que decorre a necessidade de deformar os seus pressupostos, posturas ou textos para que a ênfase sempre recaia sobre algo que deva ser repelido, independentemente do sentido global de seus ensaios e das mediações que a passagem do tempo impõe.

Sob esse pano de fundo e nos quadros da expansão do ensino universitário, um grupo de alunos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), campus Guarulhos, idealiza em 2016 o grupo de estudos Teoria Crítica Brasileira, que logo passa a contar também com estudantes de pós-graduação e professores. Em 2017, Rodrigo Soares de Cerqueira passa a fazer parte, com independência e originalidade, desse grupo, cujo programa era e ainda é a leitura atenta e compreensiva de obras que tratam do tema da formação. Contudo, o seu horizonte não é o eterno retorno dos lugares-comuns positivos ou o antagonismo militante, mas sim procurar os núcleos de vitalidade para os quais convergem o legado de uma obra como a de Antonio Candido e as demandas da atualidade. Como parte desse processo, o grupo organizou em abril de 2018 a Jornada Antonio Candido: Verificação Crítica da Tradição, na qual Rodrigo apresentou o texto “Antonio Candido, Memória e Radicalismo”, mostrando a continuidade de seu interesse pelo tema e a pertinência de sua dissertação de mestrado, defendida em 2008, que agora é publicada em livro.

Afinado a esse espírito de combate ao enrijecimento de uma das linhagens intelectuais mais fortes do Brasil, o livro Crítica e memória: um estudo dos textos memorialísticos de Antonio Candido capta a complexidade do momento atual. O seu caminho parte do crítico dialético de “Dialética da Malandragem” e “De cortiço a cortiço” – conforme a lição de Roberto Schwarz – para o memorialista, em que a tensão e a contundência analítica se atenuam. Essa diluição espraia a sua obra na “esfera tranquila da memória” e, igualmente, fixa um tipo de herança do seu tempo, da qual emergem os protagonistas de um período decisivo de uma história intelectual, cultural e literária. Seguindo essa hipótese de leitura, o livro compõe a dialética própria desse memorialismo que, se por um lado perde o gume crítico, por outro recupera e configura um vasto panorama geracional de que busca extrair uma radicalidade própria, “uma espécie de ética socialista fundada nas histórias de vida de seus amigos militantes”.

Leandro Pasini

Professor de Literatura Brasileia (EFLCH/Unifesp). 


Sobre o autor

RodrigoSoares de Cerqueira é doutor em Teoria e História Literária pela Unicamp. É professor adjunto de Literatura Brasileira na Unifesp, campus Guarulhos.

Autor: Rodrigo Soares de Cerqueira
Assunto: Crítica Literária
Editora: Unifesp
Ano: 2019
Acabamento: Brochura
Páginas: 248
ISBN: 9788555710537
Edição:
Formato: 14x21
Peso: 0,320 Kg

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CRÍTICA E MEMÓRIA

UM ESTUDO DOS TEXTOS MEMORIALÍSTICOS ANTONIO CANDIDO
Autor: RODRIGO SOARES DE CERQUEIRA

R$ 49,90

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Tags: armadilhas espírito crítico obras Antonio Candido contexto atual militante socialista sentido global ensino universitário antagonismo militante crítica da tradição Rodrigo Soares de Cerqueira dialética da malandragem Roberto Schwrz